sexta-feira, 18 de novembro de 2016

[Resenha] As Crônicas de Amor e Ódio #1: The Kiss of Deception

Título: The Kiss of Deception

Autor: Mary E. Pearson

Editora: Darksidebooks

Número de páginas: 406

Skoob: Adicione a sua estante

Sinopse: Tudo parecia perfeito, um verdadeiro conto de fadas – menos para a protagonista dessa história. Morrighan é um reino imerso em tradições, histórias e deveres, e a Primeira Filha da Casa Real, uma garota de 17 anos chamada Lia, decidiu fugir de um casamento arranjado que supostamente selaria a paz entre dois reinos através de uma aliança política. O jovem príncipe escolhido se vê então obrigado a atravessar o continente para encontrá-la a qualquer custo. Mas essa se torna também a missão de um temido assassino. Quem a encontrará primeiro? 



Defina o livro com uma frase: Restaurando minha fé em protagonistas femininas de fantasias atuais



“The Kiss of Deception” contará a história da princesa Arabella Celestine Idris Jezelia (Lia para os íntimos), uma garota de 16 anos que é a filha de uma Primeira Filha, herdeira do trono de Morrighan, um dos três grandes do Reino dos Remanescentes.

"Durante minha vida toda sonhei com alguém me amando pelo que eu era. Por quem eu era. Não por ser a filha de um rei. Não por ser uma Primeira Filha. Apenas por mim. E, com certeza, não porque um pedaço de papel ordenava isso." (Página 160)

Mas que diabos é “a filha da primeira filha”? Nada mais é do que alguém que manifesta um dom (e é a filha primogênita), por esse motivo elas são uma moeda de troca a ser usadas pelos seus governantes.


"Era uma vez, minha criança, uma princesa que não era maior do que você. Ela tinha o mundo ao alcance dos dedos. Ela ordenava, e a luz obedecia. O sol, a lua e as estrelas ajoelhavam-se e erguiam-se ao seu toque. Era uma vez..." (Página 11)

Ao contrário do que você pode imaginar após ler a sinopse, Lia não é a sua personagem clichê de livros de fantasia. Ela é uma protagonista forte, com uma mentalidade totalmente à frente de seu tempo.

Lia foi prometida em casamento com o príncipe de Dalbreck, reino vizinho à Morrighan, porém, ela se recusa a se casar com alguém que nunca viu na vida, e mais importante de tudo, se recusa a prender-se á um casamento sem amor e perder sua liberdade. Por isso, minutos antes da cerimônia e com o Kavah gravado nas costas – uma pintura do brasão do reino do seu futuro marido, que faz parte da cerimônia – ela foge com a sua melhor amiga e dama de companhia, Pauline, de Civica (capital de Morrighan) para Terravin, uma pequena cidade portuária pacata onde Pauline tem parentes que vão abrigá-las.

Se tudo desse certo na vida de Lia não haveria história, então o Rei de Morrighan coloca diversos soldados, incluindo os irmãos de Lia, à sua procura. E os outros reinos também não ficarão de fora dessa busca. Venda, um reino de bárbaros que só querem ver o circo pegar fogo, envia um assassino para acabar de vez com essa possível aliança entre os reinos. Dalbreck também tem seu representante: o próprio príncipe herdeiro e noivo que Lia abandonou. Ele está puto por ela ter feito uma coisa que ele não teve coragem, e a vê como imatura e irresponsável por ter “estragado” uma aliança que beneficiaria ambos os reinos, então resolve encontrá-la para descobrir quem é essa garota atrevida.

"O diabo havia chegado. E uma estranha parte de mim estava feliz com aquilo." (Página 111)


Um diferencial super interessante que a autora traz é: não sabemos quem é quem. Os capítulos são alternados entre: Lia, o assassino e o príncipe. Só que ao contrário do que você possa estar imaginando é impossível descobrir quem é o príncipe e quem é o assassino... Por diversos momentos durante a leitura eu achava ter descoberto quem era o assassino, só para ficar em dúvida novamente com o capítulo seguinte.

"Mas até mesmo os grandes podem tremer de medo. Até mesmo os grandes podem cair." (Página 177)

Um dos pontos criados pela autora que mais me cativou foi a expansão do universo, ele apresenta inúmeras camadas, e a história não fica presa somente a protagonista, é tudo muito mais profundo. Ao decorrer dos capítulos existem pequenos trechos retirados de textos sagrados como os “Últimos testemunhos de Gaudrel” e “Canções de Venda”. Esses trechos acrescentam muito à história, então é melhor você lê-los com muita atenção. Todos os momentos em que esses pequenos trechos apareciam eu ficava quebrando a cabeça para tentar entender e descobrir mais sobre a formação dos reinos e sobre a profecia (como uma boa e velha fantasia, não podia faltar uma profecia, certo?).

Para você que leu esse livro e também se sentiu assim, eu recomendo o conto “Morrighan”, que se passa antes da história de “The Kiss of Deception” e que explica quem foi Morrighan, o que aconteceu com ela e como foram formados os reinos (vamos orar para que esses contos cheguem ao Brasil).

Diversas pessoas colocam Celaena Sardothien da série “Trono de Vidro” em um pedestal (para conferir a resenha clicando aqui), como se ela fosse a melhor protagonista feminina da fantasia atual, só que eu acho que ela não chega aos pés da Lia...


O modo que a autora cria o caráter da Lia faz com que ela se torne alguém real, que ela convença o leitor, ao contrário da suposta melhor assassina de um reino inteiro que não consegue escalar uma parede e prefere se enterrar em pilhas e pilhas de futilidades. Lia tem um objetivo na sua vida, que é trilhar o seu próprio caminho, ser livre. Isso pode parecer clichê mas ela amadurece tanto – e olha que estamos falando do primeiro livro de uma trilogia – ao desenrolar da história que deixa Celaena no chinelo. Lia é uma pessoa comum, que podemos nos identificar (tirando o fato de ela ser da realeza e talz...), ela é forte, determinada, questionadora – afinal porque ela tem que se sacrificar pelo reino devido a um dom que ela não apresenta? – e escolhe abandonar toda a mordomia e luxo para trilhar seu caminho (gente, ela era uma princesa mimada que foi trabalhar em uma taverna, eu preciso dizer mais alguma coisa?). A Mary E. Pearson faz uma coisa que não aparece com frequência e que foi um sopro de ar para quem estava embaixo d’água: ela torna possível a amizade entre mulheres! *fogos*

Esse livro me surpreendeu muito, não esperava que ele fosse ser tão rico e que apresentasse personagens tão marcantes. Ao contrário do que você possa imaginar com a capa, que apresenta uma garota fazendo uma pose clássica de livros de romance (não desmerecendo a capa, pois acho ela maravilhosa), esse livro trata de assuntos muito mais profundos (claro que tem romance, mas na medida certa – não se esqueçam que esse comentário veio de uma pessoa que não gosta de romance) como: amizade, lealdade, destino, honra, empoderamento feminino, independência e, a cima de tudo, auto descobrimento.

"Confie em seus dons, Arabella, quaisquer que sejam eles. Às vezes, um dom requer um sacrifício imenso, mas não podemos dar as costas a ele, assim como nossos corações não vão parar de bater." (Página 222)

Recomendo esse livro para fãs de fantasia que buscam um livro original, abarrotado de cultura (essa não é uma leitura rasa, você tem que botar sua cabecinha para funcionar), com uma protagonista e com personagens femininas fortes – um livro escrito por uma mulher para mulheres – e a cima de tudo, um livro que promete ter uma continuação ainda mais arrebatadora.

4 comentários:

  1. AMEI!!! #TEAMLIA RAINHA....DONA...AMO!!

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  2. Meu Deus, que resenha fantástica!!!!! Sério, parabéns <3
    Eu nunca ouvi falar desse livro, mas estou MORRENDO de vontade de ler. Terminei "A seleção" e estava naquela depre sabe hahah agora acho que vou me aprofundar nessa leitura incrivel que você resenhou muito bem. Amo esses tipos de livros, com personagens originais e fortes, por que os livros de hoje em dia são a maioria clichês e com personagens que fazem você se perguntar "WFT!! Como assim?" hahaha
    Quando tiver um tempinho livre passa lá no meu blog? Adoraria receber um comentário seu <3
    http://www.palavrasambulantes.com/2016/11/aquela-mania-de-carregar-o-mundo-nas.html

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    1. Obrigada! <3
      Super recomendo essa leitura! Não tem como não se apaixonar pela Lia e por todo o universo! O bom é que assim que você acabar esse livro, tem o segundo para ler! hahahah
      Só que se prepare para a ressaca esperando o terceiro volume sair... hahahaah
      Beijos!

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