sexta-feira, 4 de novembro de 2016

[Resenha] Neve e Cinzas #1: Neve e Cinzas

Título: Neve e Cinzas

Título original: Snow Like Ashes

Autor: Sara Raasch

Editora: Harper Collins Brasil

Número de páginas: 320


Sinopse: Dezesseis anos atrás o Reino de Inverno foi conquistado e seus cidadãos, escravizados, sem família real e sem magia. A única esperança de liberdade para o povo do reino jaz nos oito sobreviventes que conseguiram escapar, e que seguem esperando uma oportunidade para recuperar a magia de Inverno e reconstruir o reino. Meira, uma órfã desde a derrota de Inverno, passou a vida inteira como refugiada, criada por Sir, o general dos inverninos. Treinando para se tornar uma guerreira — e desesperadamente apaixonada pelo melhor amigo e futuro rei, Mather — Meira faria qualquer coisa para ajudar o Reino de Inverno a retomar seu poder. Então, quando espiões descobrem a localização de um medalhão antigo capaz de devolver a magia ao reino, Meira decide ela mesma encontrá-lo. Finalmente ela está escalando torres e lutando contra soldados inimigos como sempre sonhou. Mas a missão não sai como planejado, e logo Meira se vê mergulhada em um mundo de magia maligna e poderosos perigosos. De repente, ela percebe que seu destino não está, e nunca esteve, em suas mãos. A estreia de Sara Raasch é uma fantasia cheia de ação sobre lealdade, amor e a capacidade de determinar o próprio destino.

Defina o livro com uma frase: Neve e clichês.


“Neve e Cinzas” contará a história de um mundo dividido em 8 Reinos: 4 reinos Ritmo e 4 reinos Estação. Nesse universo existe magia, e ela foi canalizada em 8 objetos, dos quais cada governante utiliza para, de uma certa forma, controlar seu povo ou torná-los mais aptos a alguma tarefa. Porém como nada na vida é só alegria, alguém tinha que quebrar o balanço, começando uma guerra em busca de poder...

Há 16 anos, o rei de Primavera invadiu a capital de Inverno, destruiu a fonte de magia (um medalhão), matou milhares de pessoas e escravizou os habitantes que sobreviveram. Porém, ele não contava que 25 deles conseguiriam escapar, dentre eles a protagonista Meira, uma órfã que era apenas um bebê quando tudo aconteceu e Mather, o príncipe herdeiro de Inverno.

"Uma tempestade de neve viva, um lembrete vibrante e branco de que não escravizaram todos os invernianos. Alguns de nós ainda estão vivos. Alguns de nós ainda estão livres." (página 45)

Desses 25 sobreviventes, apenas 8 ainda continuam livres (vulgo vivos). Desde a queda de Inverno eles tentam rastrear os fragmentos do medalhão, porém sem nenhum sucesso. A narrativa do livro começa com esses sobreviventes finalmente conseguindo a informação de que uma das metades do medalhão estaria em um determinado lugar, então um grupo é formado para tentar recuperá-lo.

Meira é uma garota que quer provar para todos que ela também é capaz de lutar pelo seu reino, ela é corajosa e destemida, porém mimada – por mais estranho que seja dizer que uma garota abandonada e órfã é mimada...


Nesse universo, os “catalisadores” de magia só podem ser usados por um determinado sexo, por exemplo: a magia de Inverno só pode ser usada por descendentes do sexo feminino, enquanto a magia de Primavera, apenas pelo sexo masculino, e assim por diante...

Olha só que coisa bacana: mesmo que eles consigam recuperar as metades do medalhão, como Mather vai conseguir acessar essa magia para combater Primavera? Levando em consideração que ele e os outros rebeldes veem a recuperação das metades do medalhão como a resolução dos seus problemas.

"Fraquezas podem ser usadas, até que tudo que se consiga fazer é gritar devido à injustiça de uma vida assim, uma vida em jaulas empilhadas uma sobre a outra, crescendo em um lugar onde sequer se é visto como uma pessoa. Uma vida esperando em tormento que os 25 sobreviventes míticos libertem todos." (página 224)

O universo criado é muito amplo e interessante, porém, eu já sabia que rumo a história ia tomar antes da metade do livro, quando o grande “problema” da história foi definido. E isso “estragou” um pouco da experiência de leitura.

Eu recomendo “Neve e Cinzas” para dois tipos de pessoas: quem não lê muita fantasia e quem quer ler um livro de fantasia rápido e de fácil linguagem, com o agravante de ser uma leitura sem muita profundidade (ao contrário por exemplo, de “Senhor dos Anéis”).

Não é um livro ruim, porém eu não o indico para alguém que já tenha sido iniciado nas artes da fantasia (oi louca da fantasia) pois as grandes reviravoltas em “Neve e Cinzas” já apareceram em diversos outros livros do mesmo gênero – culpem o clichê utilizado excessivamente por autores desse gênero (não vou contar qual foi o clichê usado para não estragar a experiência de leitura de ninguém, fiquem tranquilos).

Um dos ponto que mais me incomodou nesse livro é a personalidade da protagonista. Meira é muito cheia de mimimis do tipo: “Quero muuuuuuito ajudar o meu reino – então faz isso Meira – Ahhh não isso eu não quero fazer!”. Querida, você quer ajudar seu reino porque ele é tudo para você, mas não está disposta a se “sacrificar” por ele? E olha que esse sacrifício é bem aceitável, nada de viver como uma escrava, assim como os Invernianos que vivem trancados há 16 anos, porra.

Por mais irritante que ela seja, até que há um desenvolvimento da personagem ao decorrer do livro, e lá pro final ela se torna um pouco menos “pentelha” e parece que começa a entender que se ela quer que Inverno seja libertado, certas coisas terão que ser feitas.

"Mesmo a nevasca mais forte começa com um único floco de neve." (página 243)

Outro ponto negativo foi: romance com o melhor amigo que é impossível de ir para frente pois é aquela velha história de realeza x plebeu. Por favor né? Qual é a necessidade de criar isso? Eles não podiam ser simplesmente amigos? Ainda mais que esse suposto romance platônico só serve para formar, mais tarde, um triângulo amoroso super desnecessário, que apesar de não ser o foco da narrativa (graças a deus) continua sendo desnecessário e irritante..

Ao contrário de “A Queda dos Reinos” (se você não leu a resenha é só clicar aqui), a autora foca no público mais novo, tornando a leitura mais leve – nada de mortes desnecessárias, cenas de grande violência ou conflitos profundos – isso também pode ter acontecido por se tratar de um primeiro livro de uma trilogia/série, oremos.

Se você é um leitor – não importa quantos livros você leia por ano – já deve saber o que é uma ressaca literária. Porém, se você nunca apresentou essa doença, aqui vão os sintomas: sentimento de vazio após terminar uma leitura muito boa; desilusão após a leitura consecutiva de diversas obras ruins ou meh; fatores ambientais e genéticos (vulgo, quaisquer outros motivos misteriosos). Esse é um ótimo exemplo de um livro para te tirar de uma ressaca literária. Nessas horas, nada melhor que uma leitura relativamente intrigante (apesar dos clichês), rápida e divertida.


Li o livro físico e acabei ouvindo grande parte dele em áudio book (minha primeira experiência com áudio books) e gostei bastante, em algumas partes eu explodia em risos devido a entonação da narradora, mas no geral eu recomendo áudio books para acelerar as leituras (ainda mais quando você lê uma fantasia no mês do terror, onde você deveria ler exclusivamente, terror).

"Algum dia seremos mais do que palavras na escuridão." (página 276)

Com relação ao segundo volume ainda não sei se vou querer lê-lo, me parece mais do mesmo, acho que prefiro dedicar meu tempo com uma leitura que me surpreenda do que ler uma coisa que eu já sei qual é a fórmula usada. De qualquer forma, assim que ele for publicado no Brasil, vou ler algumas resenhas para ver se os pontos que me incomodaram melhoraram e se vale a pena investir na sua continuação.

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