quarta-feira, 22 de março de 2017

[Especial] Cinco motivos para ler O Menino Que Desenhava Monstros


“O Menino Que Desenhava Monstros” contará um pouco sobre a história da família Keernan, mais especificamente do filho deste casal: Jack Peter. Uma criança atormentada pela sua própria consciência, e como se não bastasse por algo que espreita pelo lado de fora da janela. Hoje, o post é especial para você que não leu esse livro ainda. Sim, você.

“Houve um tempo em que essa expressão o deixava feliz, mas, em noites terrivelmente frias como aquela, os sonhos se transformavam em pesadelos, e os monstros debaixo da cama se agitavam na escuridão.” (Página 11)

1. Protagonista:

Jack Peter é uma criança de 10 anos portadora da Síndrome de Asperger – basicamente um autismo amenizado – e Síndrome do Pânico, por isso raramente deixa sua casa. Quando era mais novo, ele era uma criança como as outras, até o dia em que ele e seu melhor amigo, Nick, sofrem um terrível acidente. Com o passar do tempo Jack foi se tornando outra criança, vivendo isolado dentro da segurança de seu lar, sem nenhum contato com o mundo exterior além de Nick – que o visita regularmente. Jack ainda vive com medo constante dos monstros que se escondem em cantos fora do alcance da visão.

Apesar de ter se distanciado de tudo e todos, Jack apresenta um hobby “normal”, que é desenhar. O porém, é que seus desenhos são obras sombrias que refletem o estado de confusão mental – ou era isso o que os seus pais acreditavam – e que se assemelham muito a uma certa presença que ronda a casa...

Infelizmente Jack  é tido como o “vilão” durante boa parte da narrativa. Na verdade ele é uma criança incompreendida e sem o apoio necessário da família, já que seus pais se afastam cada vez mais por não saberem lidar com suas peculiaridades. Como se isso não bastasse, eles não acreditam em nada que o filho conte, pois sempre acreditam que faz parte de mais uma de suas “recaídas”. Até que eles também começam a enxergar esses monstros. Será que a condição de Jack é herdada de seus pais ou todo esse pesadelo é real?


2. Narrativa:

Keith Donohue apresenta o tipo de narrativa que vemos em livros como os de Stephen King: alta descrição dos cenários e personagens. Com uma construção muito bem elaborada do clima de tensão. Esta história se passa, em parte, durante o inverno e eu juro para vocês, ao ler esse livro (em pleno verão, por sinal) eu comecei a sentir frio. Assim como também tive a sensação de estar sendo observada. É impossível não se sentir tensa ao ler essa história.

Li algumas resenhas em que as pessoas falavam que o início do livro é difícil, pois a narrativa é lenta. Pelo contrário, o autor constrói, linha por linha, o que culminará explodindo com o final arrebatador e muito bem desenvolvido.

“Como poderia ser o vento? O vento por acaso mexe em maçanetas? O vento dá batidinhas nas janelas da cozinha? Alguma coisa está tentando entrar, Tim. Entrar na casa, nas nossas vidas. Eu escuto isso o tempo todo.” (Página 146)

3. Camadas:

“O Menino Que Desenhava Monstros” apresenta diversas camadas. O que eu quero dizer com isso? Superficialmente, é um livro sobre pais tentando lidar (leia-se ignorar a maior parte) com os problemas do filho e viver da melhor maneira possível. Porém, no seu âmago esta história trata de um relacionamento sensível margeado pela crua realidade: algo ou alguém está os observando e parece se aproximar cada vez mais.  Talvez os monstros escondidos debaixo da cama sejam mais reais do que eles imaginavam...

4. Terror Psicológico

Aqui nada é gráfico ou explícito, os monstros estão, teoricamente, na sua mente – se você tem medo de ler terror, este livro pode servir de porta de entrada para esse magnífico e terrível mundo. A presença desses monstros não é o que torna o livro assustador, a realidade é que faz esse papel. Ter um pesadelo pode ser horrível porém, por mais que você “sofra”, é certo que o sol surgirá e você será libertado do sono. Aqui o buraco é mais embaixo...


“Não tenha tanta certeza sobre as coisas que não pode ver. A mente conjura o mistério, mas é o espírito que fornece a chave.” (Página 75)

Desafio vocês a lerem esse livro e não esboçarem nenhum tipo das reações a seguir: palpitações, sensação de que está sendo observado, sudorese, tensão e, a cima de tudo, ansiedade em descobrir o que te aguarda na próxima página.

5. Final surpreendente:

Todo o desenvolvimento da trama foi espetacular, a cada página ficava apreensiva, sem saber o que o futuro me reservava. O final desse livro, apesar de ter sacado o nível de desgraça um pouco antes, foi um soco no estômago. Ter “descoberto” o que ia acontecer não prejudicou a minha experiência de leitura em momento algum. Pelo contrário, devido a essa incerteza o surgimento de tantas teorias tornou o livro ainda mais intrigante.

Espero que eu tenha convencido vocês a lerem “O Menino Que Desenhava Monstros”, lembrem-se: cuidado com o que vocês desenham.

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