sábado, 22 de abril de 2017

[Resenha] Os Sete Reinos #1: O Rei Demônio

Título: Os Sete Reinos #1: O Rei Demônio

Título Original: Sevem Realms #1: Demon King

Autor: Cinda Williams Chima

Editora: Suma de Letras

Número de páginas: 384


Sinopse: O jovem ladrão reformado Han Alister é capaz de quase qualquer coisa para garantir o sustento da mãe e da irmã, Mari. Ironicamente, a única coisa valiosa que ele possui não pode ser vendida: largos braceletes de prata, marcados com runas, adornam seus pulsos desde que nasceu. São claramente enfeitiçados — cresceram conforme ele crescia, e o rapaz nunca conseguiu tirá-los. Enquanto isso, Raisa ana’Marianna, princesa herdeira de Fells, enfrenta suas próprias batalhas. Ela poderá se casar ao completar 16 anos, mas ela não está muito interessada em trocar essa liberdade por aulas de etiqueta e bailes esnobes. Almeja ser mais que um enfeite, ela aspira ser como Hanalea, a lendária rainha guerreira que matou o Rei Demônio e salvou o mundo. Em O Rei Demônio, primeiro de quatro livros, os Sete Reinos tremerão quando as vidas de Han e Raissa colidirem nesta série emocionante da autora Cinda Williams Chima.

Defina o livro com uma frase: “A história é contada pelo lado dos vencedores.”


“O Rei Demônio” é um ótimo caso de um primeiro livro que introduz bem o mundo a ser explorado e desperta inúmeras perguntas na cabeça de quem está lendo, com os seus poréns...

Neste primeiro volume conhecemos o reino de Hanalea. Uma terra marcada por um trágico evento que liberou o mal no mundo, conhecido como “Cisão”, após a sua rainha guerreira de mesmo nome ter sido – supostamente – sequestrada por um poderoso mago, conhecido como Rei Demônio. Mil anos se passam e a situação não melhorou muito. Pelo contrário, parece que algo muito ruim está prestes a acontecer – olá velho amigo clichê, você resolveu aparecer por aqui também? Venha, vamos entrando!

“O Rei Demônio era o monstro em todas as histórias assustadoras. O diabo que você não nomeava por medo de atraí-lo. Aquele que aguardava na escuridão de uma rua sinuosa crianças más cruzarem seu caminho.” (Página 76)

A situação não é boa entre os clãs que vivem ao redor de Fells e os magos – que tem um histórico negativo datado a mais de 1000 anos. Para piorar a situação, uma guerra civil eclodiu no sul e ameaça espalhar-se pelas fronteiras até Fells. Já que além de tudo, o povo está insatisfeito com o governo da atual rainha. Também correm boatos de que o antigo laço/tratado da linhagem das rainhas com o clã Bayar – um poderoso e antigo clã de magos – possa ter sido corrompido, afetando o julgamento da rainha.

                                                           
Em meio a tudo isso, temos duas visões de dois lados que não poderiam ser mais opostos: Raisa ana’Marianna é a princesa herdeira do trono de Fells e está prestes a completar 16 anos, o que significa que ela deve – pelo menos aos olhos de sua mãe – se casar com um herdeiro de um poderoso reino, criando um novo laço que beneficie Fells, obviamente ignorando a opinião e o coração de Raisa – ui, frase digna de uma resenha de um romance. Só que Raisa não quer jogar a sua vida no ralo e se casar antes do tempo (ainda mais porque a menina curte dar umas bitoquinhas), o que na sua cabeça se traduz para: não se casar nunca.

Ela é uma princesa que viveu toda a sua vida recebendo tudo do bom e do melhor, em completa ignorância do que acontecia no seu reino. Raisa, apesar do berço previlegiado, não é arrogante. Pelo contrário, após descobrir a situação do povo de Fells, decide ajudar da maneira que ela puder. O que se traduz como: ajudar por debaixo dos panos. Já que sua mãe, a rainha Marianna, não pode nem sonhar qual é o fim dos presentes recebidos dos pretendentes da filha...

Já Han Alister é um ex-líder da gangue da Rua dos Trapilhos (um dos bairros “baixos” de Fells) que abandonou o crime e tenta levar uma vida mais honesta por causa da sua mãe e irmã caçula. Porém, ele vai descobrir que você pode deixar as ruas, mas as ruas nunca te deixarão (-1 ponto para uma frase clichê). Han, desde que se conhece por gente, tem um par de algemas de prata em cada um dos pulsos, que ele não consegue se livrar de maneira alguma. Estas algemas lhe apelidaram de – acreditem vocês – Algema. Como ele chama pouca atenção apenas usando as pulseiras, seu nome ainda está atrelado a uma série de mitos sobre quem ele realmente é – normalmente escalando muito mais os seus atos, quando não inventando histórias completamente fantasiosas.

“Ele fora bom nisso. Loucamente bom ou talvez apenas louco. Ele fizera coisas das quais não gostava de lembrar.” (Página 152)


Han sempre pode buscar refúgio nos Campos Pinho Marisa (que belo nome para um campo cof cof cof), onde ele foi “adotado” pela matriarca do clã e rebatizado como Caçador Solitário – aliás, aqui as pessoas apresentam uma série de apelidos. Então se você se confunde com facilidade e é péssimo para gravar nomes, talvez tenhamos um pequeno problema. Porém, parece que o antes tão acolhedor campo está passando por algumas mudanças com a chegada do “Rebatizado”...

Apesar da premissa interessantíssima, demora bastante para que alguma coisa aconteça. E quando começa a acontecer, um evento atropela o outro e culmina com uma grande jornada a ser trilhada. Mas apenas no próximo volume... O que foi bem broxante, diga-se de passagem.

Tudo bem, “O Rei Demônio” é um livro inicial, então é claro que há muita coisa para ser introduzida e explicada, evitando que o leitor se sinta largado sem entender nada. Meu principal problema, e talvez único, foi a lentidão da narrativa. Entendo que é necessário esse aprofundamento inicial antes que o rumo da história seja definido, porém, ler um livro com quase 400 páginas que parecem não chegar a lugar nenhum, desanima e dificulta a leitura...

Um pouco depois da metade do livro algumas perguntas menores vão sendo respondidas, enquanto outra dezena é criada. Isso serve, obviamente, para prender o leitor e fazer com que ele leia os volumes que estão por vir. Não acho errado, porém é um pouco frustrante viver no escuro. Só que, este tênue vislumbre dos raios de luz da sabedoria é preferível a uma enxurrada de revelações que são elucidadas rapidamente, tornando-as irrelevantes. Afinal de contas, não há nenhum interesse em descobrir algo que não contribui para o crescimento do mistério, por justamente não dar tempo para que se crie este mistério.

Temos um pouco de clichês, como em toda fantasia YA – porém, eles não se sobrepõem ao enredo do livro – tais como um indício de um triângulo amoroso, um personagem que não era ninguém e descobre aspectos do seu passado que mudam tudo, romance proibido, protagonista mimada que se rebela e quer ajudar os menos afortunados, líder dominador que não se importa com a situação de seu povo, entre outros.


Temos apenas um pequeno vislumbre do mundo criado pela autora. Porém é o bastante para cativas e despertar o desejo por mais. Em alguns momentos, certos acontecimentos podem ser um pouco confusos – principalmente no início do livro – devido, em parte, a demora entre um evento “importante” e a introdução.


“No fim das contas, sua história se transformava numa lenda até você não saber mais quem era nem do que era capaz.” (Página 152)


Apesar destes pontos “negativos” o enredo e os personagens são cativantes, os antagonistas prometem uma boa dose de crueldade – o que os tornará vilões dignos de serem odiados, espero – há uma ampla cultura que promete a ligação de eventos do passado e futuro, e oremos uma sequência que promete não encher linguiça entre o primeiro volume e o terceiro.

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