quarta-feira, 18 de outubro de 2017

{Outubro Trevoso} [Resenha] Os Filhos da Tempestade

“Mas não havia milagre naquela ilha. Aquele pedaço de terra paradisíaco tinha outro senhor, e Deus não tinha lugar naquelas paragens.” (Página 119)


“Os Filhos da Tempestade” é o mais novo livro do autor Rodrigo de Oliveira, mais conhecido por sua série de zumbis, As Crônicas dos Mortos. Por sinal, o mais novo romance do autor nasceu devido a um bloqueio criativo enquanto ele escrevia o último volume da série, “A Era dos Mortos” - estou morrendo com a expectativa Rodrigo, pelo amor da deusa, agiliza esse livro!

Em “Os Filhos da Tempestade” seremos abandonados em uma ilha esquecida por Deus e nosso único companheiro será o capiroto...

“Ele usaria a alma daquela pobre coitada para criar uma maldição, um pedaço do Inferno na Terra que lançaria um véu negro, afetando toda a humanidade.” (Página 40)

Tudo começa com uma excursão escolar de um grupo de adolescentes de variadas idades. A viagem toma um rumo inesperado quando o avião com mais de 100 passageiros cai no mar e os adolescentes se veem sozinhos em uma ilha paradisíaca que esconde diversos perigos, muito maiores do que eles poderiam imaginar.

“Ele seria a morada final, a gélida sepultura de todos aqueles que não tinham conseguido sair.” (Página 62)

A partir daí começa a batalha pela sobrevivência, e como se não bastasse o fato de eles estarem completamente perdidos, inúmeros conflitos entre o grupo começam a emergir, ameaçando ainda mais a sobrevivência de todos.

“A ampulheta da vida tinha sido virada. A contagem regressiva começara.” (Página 8)

Ao descobrir os segredos da Ilha, somos jogados em uma trama extremamente complexa. Em um verdadeiro campo de batalha entre o céu e o inferno - vale ressaltar que estamos no time que está perdendo.



Este livro me lembrou muito a série “Lost” e o romance “O Senhor das Moscas” de William Golding - não vamos nos esquecer do toque de “O Exorcista” de William Peter Blatty. Rodrigo acrescenta elementos novos que refrescam o enredo - talvez a palavra certa seja, amaldiçoa - como a Ilha do Diabo, que devido a sua presença tão importante, se torna um personagem e enfeitiça todos os seus habitantes - afinal de contas essa prisão não tem grades, mas cenários paradisíacos. Quem iria querer ir embora? *corre

“Os Filhos da Tempestade” tem um tom mais juvenil, quando comparado a “As Crônicas dos Mortos”, o que atinge uma maior parte de leitores. Porém, os fãs assíduos da narrativa extremamente gráfica e pesada de Rodrigo, talvez se desapontem um pouco. Isso não significa que você deve se iludir e pensar que este livro não é cruel. Estamos falando de Rodrigo de Oliveira, então é melhor não se apegar a nenhum personagem, já que ninguém está a salvo, e ele adora destruir nossos corações matando personagens que amamos (ainda não superei “A Ilha dos Mortos”, ok?).

Em “Os Filhos da Tempestade” teremos um grande enfoque nos dramas adolescentes, o que acaba sendo uma faca de dois gumes. Por um lado, essa abordagem aumenta a tensão entre os personagens. Por outro, quebra o ritmo da história, já que parece que as relações pessoais e interações amorosas prejudicam o julgamento, dificultam o raciocínio dos personagens - será que isso não faz parte do amadurecimento? Afinal quem não foi um adolescente babaca que atire a primeira pedra - e os cegam para questões mais urgentes - como por exemplo o básico: sobreviver.

Porém, se você se incomoda com narrativas juvenis, não arranque seus cabelos em histeria. Tudo passa. A lei natural da vida é amadurecer e aqui não é diferente. Cada um dos personagens - diga-se de passagem, os poucos que o Rodrigo não matou e nos destruiu no processo - crescem muito com o passar do tempo.



Como já é de praxe nos finais dos livros do Rodrigo são de tirar o fôlego. É impossível não devorar as páginas até que você vira a última e ficar sem esperança e sem conseguir dormir - obrigada Rodrigo!

“Melina tinha uma alma maior do que o próprio oceano, e nem a fúria da tempestade fora capaz de quebrar seu espírito.” (Página 177)

O  livro pode até perder um pouco do ritmo, mas ressurge em um final arrebatador, deixando aquela dúvida em nossa mente: será que este é o começo de mais uma série? Só podemos esperar e torcer para que o futuro nos reserve notícias de mais tempestade.

Autor: Rodrigo de Oliveira
Editora: Planeta
Número de páginas: 336
Classificação: ★★★,5/✰✰✰✰✰

Um comentário:

  1. Você ficou sabendo que o livro vai ser relançado por outra editora? Parece que vão ter uns brindes e o autor colocou uma postagem no Instagram dele para quem já leu ajudar a escolher qual a cena que vai ser a capa do livro.
    E também anunciou que vai ter o livro 2 pela mesma editora que está relançando o 1!!! S2

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