sábado, 3 de março de 2018

[Diário de Leitura] Lovecraft - Medo Clássico (PARTE II)


Olá a todos os amantes de Lovecraft que não me bloquearam de suas vidas após a primeira parte do Diário de Leitura - Lovecraft Medo Clássico

Nesta parte li três contos: “O Depoimento de Randolph Carter”, “O Cão de Caça” e o famigerado “O Chamado de Cthulhu”. Qual a chance de eu ter odiado seu conto favorito? Leia e descubra… 

Após o fiasco da primeira parte, resolvi abaixar beeeem as expectativas e me concentrar mais em cada conto. O que deu muito certo! *fogos


“O Depoimento de Randolph Carter” é a primeira história em que o personagem recorrente, e inspirado nos pesadelos bizarros de Lovecraft, aparece. Escrito em forma de depoimento, é impossível não se aterrorizar com a maldita experiência de Carter. 

“Nada foi distorcido ou ocultado e, se algo permanece vago, deve-se somente à nuvem negra que recai sobre minha mente - a nuvem e a natureza nebulosa dos horrores que a lançaram sobre mim.” (Página 91)

A forma com que este conto se desenvolve superou minhas expectativas - que eu prometi manter láááá embaixo - com um final que te assombrará para sempre (só posso dizer que fico feliz de não ser o Lovecraft, se esse tipo de conto é inspirado em seus pesadelos, o quão fodida sua vida não deve ter sido?)


Quando eu achava que nada poderia superar as malditas aventuras de Randolph Carter, “Cão de Caça” surge e vem balançar nossa sanidade. Que merda aconteceu? Me senti sufocada lendo este conto, como se alguém estivesse me observando das sombras e esperando o momento certo para decepar a minha cabeça.

“Incessantemente ressoam em meus ouvidos torturados um guinchar e um farfalhar oriundos de algum pesadelo, e um ladrar débil e distante como o de um gigantesco cão de caça. Não é um sonho - nem mesmo, temo eu, loucura -, pois muito já ocorreu para que eu ainda tenha essas dúvidas misericordiosas.” (Página 103)

Ambos os contos foram rápidos e extremamente envolventes. Um dos pontos mais altos de ambos foi o mistério. Já devo ter falado disso algumas vezes no blog, mas eu abomino quando uma história tenta explicar demais algum fenômeno paranormal/não-natural. Acho extremamente difícil os autores conseguirem superar, e corresponder 100% das vezes, a imaginação dos leitores. O fato de ambas criaturas nunca serem descritas só faz com que a pulga da desgraça nos de mais coceira. 


O que falar do tão famoso “O Chamado de Cthulhu”? Um dos contos mais famosos - se não o mais famoso - de Lovecraft, em que sua maior criatura é apresentada.

“Esse era o culto e os prisioneiros afirmavam que ele sempre existiu e sempre existirá, escondido em ermos distantes e locais obscuros por todo o mundo até que o grande sacerdote Cthulhu, de seu escuro lar na poderosa cidade de R’lyeh submersa nas águas, se erga e submeta novamente a Terra ao seu domínio. Um dia ele chamará, quando as estrelas estiverem prontas, e o culto secreto estará sempre à espera para libertá-lo.” (Página 134)

Acho que agora finalmente me acostumei com a escrita do Lovecraft e isso não me atrapalha ou intimida mais. Pelo contrário, agora anseio por suas descrições macabras e vagas, que nossas relés mentes humanas não conseguem conceber, tamanho é o mal contido em suas palavras. Em alguns momentos a escrita prolixa atrapalha, mas sabendo que eu não preciso me descabelar em excesso, até porque certas coisas foram escritas para não ser entendidas já que tratam de criaturas cósmica, é só seguir em frente e mergulhar de cabeça no poço da desgraça.

“Olhei para tudo o que o universo contém de horror, e depois disso até mesmo os céus primaveris e as flores do verão serão, para sempre, um veneno para mim.” (Página 152)

Ao contrário do que encontramos em alguns contos, onde o terror é deixado para nossa imaginação criar, aqui temos uma descrição do que nos assombrará por toda a eternidade. Sua magnitude colossal e catastrófica e como estamos a um momento de curiosidade e um infeliz acaso do fim. Basta um pequeno deslize e tudo acaba. A vida é assim mesmo, certo?

“Ele deve ter sido preso ao afundar em seu abismo negro, pois de outro modo o mundo estaria agora gritando de pavor e frenesi. Quem conhece o fim? O que se ergueu pode afundar, e o que afundou pode se erguer. O horror espreita e sonha nas profundezas, e a decadência se espalha sobre as vacilantes cidades dos homens.” (Página 153)

O tom que rege “O Chamado de Cthulhu” é a loucura. O abismo eterno nos aguarda, nos perderemos em nossas próprias mentes ou seremos apagados pelos seguidores do inominável. A única certeza é o fim.

Continua no próximo episódio...


Autor: H. P. Lovecraft
Editora: Darksidebooks 
Número de páginas: 416
Classificação (desta parte): ★★★★★/✰✰✰✰✰

*Livro cedido gentilmente pela editora*

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