terça-feira, 6 de março de 2018

[Resenha] {#SemanaGirlPower} A Guerra que Salvou a Minha Vida #1


Uma garota que nunca conheceu o amor ou carinho. A ameaça da grande guerra. Uma mulher que precisava de ajuda e nem ao menos sabia. Esses são os elementos de “A Guerra que Salvou a Minha Vida” da autora Kimberly Brubaker Bradley.

Ada e Jamie são irmãos, e moram com a sua “mãe” em um minúsculo apartamento em Londres. Como se a vida precária e extremamente suja não fosse o suficiente para abalar a infância de duas crianças, apenas Jamie pode sair de casa, ir a escola, brincar na rua. Ada nasceu com o pé torto, por isso não tem permissão para sair de casa muito menos andar. Ela é obrigada a ficar trancada em seu apartamento, já que nos olhos de sua “mãe” ela é uma aberração, uma vergonha, que não pode ser vista por ninguém além da família que é obrigada a cuidar dela. Tendo apenas conhecido o menosprezo, humilhação e o medo, Ada acredita que seja realmente culpada e que o seu pé é um castigo.


Apesar da guerra que ambas as crianças travam todos os dias, um novo inimigo se aproxima: A Segunda Guerra Mundial. Com a chegada da grande guerra, o governo de Londres passa a evacuar as crianças. Após descobrir que apenas Jamie seria mandado, Ada junta todas as suas forças e foge com o irmão.

Por ter vivido a vida toda excluída do mundo, observando-o por uma pequena janela, tudo é novo e amedrontador para Ada. Ela nunca foi a escola, nunca aprendeu a ler ou a escrever, nunca usou uma descarga, nunca teve um amigo além de seu irmão, nunca andou de trem e nunca conheceu nada além do medo e da solidão.

“A garota bem à minha frente - a mais maltrapilha, mais repulsiva que eu já tinha visto - usava a pia diante da minha, o que era estranho. Franzi o rosto para ela, e ela franziu de volta. De repente, percebi que era um espelho.” (Página 29)


Quando as crianças chegam a uma pequena cidade de interior, elas são postas em fila para que as famílias locais as escolham e as acomodem em suas casas. Devido ao estado deplorável de Ada e Jamie, ninguém os escolhe. Resta apenas uma casa que não acolheu uma criança, uma última pessoa a recorrer: A Srta. Smith. Uma mulher que mora sozinha e nunca desejou ter filhos, muito menos sabe como cuidar de crianças. 

Kimberly constrói uma narrativa delicada, cruel e bela, mostrando a tormenta de uma garota de 10 anos que só conhece o medo e o ódio. Apesar de não ser um livro que retrate o cenário típico do período da Segunda Guerra, já que não temos uma protagonista judia ou diretamente afetada pelos combates, este livro traz um novo olhar sobre um período tão conturbado da história, mostrando que no caso de algumas pessoas, existem coisas piores do que uma guerra contra os alemães.

Uma das coisas mais belas deste livro é a construção da relação entre as crianças e Susan, que começa com desconfiança e tristeza, porém floresce ao decorrer da história. Assim como Ada, Susan também carrega marcas profundas em seu coração, e essas marcas a afastam das outras pessoas.

“Ele não vai querer ela”, disse o Jamie. “Gente boa odeia esse pé horroroso.”
A srta. Smith soltou uma risada curta e áspera.
“Então você está com sorte, porque de boa eu não tenho nada.” (Página 37)


É impossível não sentir a dor das crianças. Ada é alguém, que apesar da pouca idade, já sofreu muito e carrega inúmeras marcas desse abuso emocional e físico. Apesar de ter fugido, ela continua com a mão opressora da mãe apertando seu pescoço, observando-a nas sombras, controlando sua vida e minando sua felicidade.

Ao terminar este livro fiquei feliz e triste ao mesmo tempo. Kimberly é capaz de nos fazer sentir a dor de Ada, ao mesmo tempo que aquece nossos corações ao mostrar a esperança de um recomeço.

“A Guerra que Salvou a Minha Vida” é um livro sobre aceitação, reconstrução e redenção. É sobre a jornada de uma menina em busca da sua própria aceitação. É um livro sobre confiança e como o amor pode vencer uma guerra.

Autor: Kimberly Brubaker Bradley
Editora: Darksidebooks 
Número de páginas: 240
Classificação: ★★★★★/✰✰✰✰✰


Este post faz parte da #SemanaGirlPower. Uma semana dedicada inteiramente a apresentar trabalhos feitos por mulheres incríveis que mudaram nossas vidas. O intuito desta semana é dar visibilidade à presença da mulher em mídias variadas, em homenagem ao Dia da Mulher (8 de março) ♥ #LeiaMulheres

2 comentários:

  1. Esse livro é pra lá de lindo! Foi maravilhoso poder rever a Ada através dessa resenha. Foi maravilhoso sentir novamente a emoção que este livro traz. QUE HINO DE SEMANA, BEBÊ!

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    1. Obrigada!! <3 Não quero nem ver como "A Guerra que me Ensinou a Viver" vai me destruir hahahahaha
      HINÃO SEMPRE, BEBÊ!! <3 <3 hahahahahaha

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