“Uma Dobra no Tempo” foi originalmente publicado em formato de romance em 1962 por Medeleine L’Engle, inédito no Brasil até sua recente publicação em 2017 pela editora Harper Collins. Com o recente anúncio de uma adaptação cinematográfica da obra de L’Engle por ninguém mais, ninguém menos que os Estúdios Disney e dirigido por Ava DuVernay, muitas pessoas passaram a conhecer as obras de L’Engle, que faleceu em 2007 e deixou para as futuras gerações mais de 60 obras.
Além da adaptação cinematográfica, a obra de L’Engle também foi adaptada para os quadrinhos, sendo ilustrada por Hope Larson. Autora de Batgirl, entre tantos outros títulos. É justamente dessa graphic novel que eu venho falar hoje.
Em “Uma Dobra no Tempo”, L’Engle criou um universo multidimensional em que temas como família e amor são postos a prova por uma força desconhecida. Pouco é dito sobre essa “sombra”, mas como o livro é o primeiro de uma série, ainda temos muito o que esperar...
Já fazem dois anos que o Sr. Murry, um brilhante físico, e pai de Meg e seus três irmãos, desapareceu misteriosamente enquanto trabalhava em um novo projeto. Meg, assim como os outros integrantes da família, é obrigada a lidar com a pressão da ausência do pai e os olhares julgadores de todos ao seu redor.
Meg é um peixe fora d’água que luta para se encaixar em um cenário completamente alienígena a ela. Apesar do temperamento “difícil” e explosivo, ela é extremamente curiosa, corajosa, impulsiva, extremamente inteligente - apesar de não acreditar nisso - e zelosa, principalmente por seu irmão caçula, Charles Wallace.
Era um dia como outro qualquer quando a Sra. Quequeé aparece e muda a vida de Meg. Ela é a vizinha dos Murry e parte com Meg, Charles Wallace e Calvin, o mais novo amigo de Meg, em uma aventura pelo tempo e espaço, em busca do pai das crianças. Em meio a esta viagem, vemos as linhas do real se distorcendo e expandindo nossas mentes para o que existe além dos olhos.
Se você busca uma obra com alto teor científico, onde tudo lhe é mastigado e explicado, talvez fique um pouco decepcionado. Não são nos dadas muitas explicações ao decorrer da obra. E, quando somos apresentados a um problema sem solução, a resposta é simplesmente que: “seu planeta é muito atrasado, você não entenderia”.
Achei um subterfúgio interessante a ser utilizado, ainda mais por tratar de uma obra infantil, que se fosse recheada de detalhamentos físicos, fugiria completamente da proposta do livro. Porém, também acho que certos temas poderiam ter sido melhores trabalhados. Entendo que diversas perguntas ainda poderão ser respondidas nos próximos volumes, mas ainda assim achei tudo “vago demais”.
Na verdade, o que mais me incomodou nesse livro foi a resolução do “grande problema”. Que foi encontrada e contornada com relativa facilidade, não tomando mais de 20 páginas da obra. Claro, o problema não foi resolvido. Fomos apenas apresentados ao grande antagonista da história, mas a “proposta do livro” foi preenchida - de maneira insatisfatória.
Ainda não li o romance. Mas me apaixonei pela história da graphic novel. Hope Larson dá vida a uma história sensível e recheada de magia e ciência. Apesar de algumas críticas negativas com relação a natureza desta obra, um romance cristão, não me vi incomodada em momento algum. Não sei até que ponto Hope Larson modificou o romance ou simplesmente reduziu sua história. Só sei que nos momentos em que estes temas são abordados, são discretos e passam sem que ninguém se descabele.
Misturando ficção científica, fantasia, viagens multidimensionais, amizade, amor e família, “Uma Dobra no Tempo” é uma história delicada sobre a forma com que nos relacionamos e a força necessária para romper as barreiras que nos seguravam e finalmente nos tornarmos quem somos, sem medo.
Autora: Madeleine L'Engle e Hope Larson
Editora: Darksidebooks
Número de páginas: 420
Skoob: Adicione a sua estante
Classificação: ★★★★,5/✰✰✰✰✰
*Livro cedido em parceria pela editora*
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