sexta-feira, 13 de abril de 2018

[Resenha] Jack, o Estripador - Rastro de Sangue #1

“Eu estava determinada a ser tanto bela quanto feroz, como minha mãe dissera que eu podia ser. Só porque eu era uma moça interessada no trabalho de um homem, isso não queria dizer que eu precisava desistir de ser feminina. Quem definira estas regras, de qualquer forma?” (Página 99)


Nada melhor em uma sexta-feira 13 do que a resenha de “Jack, o Estripador - Rastro de Sangue”!

Já começo dizendo que este livro me surpreendeu, esperava uma mistura gore do selo CrimeScene e uma protagonista mais madura com toques DarkLove, ao passo que o que me foi entregue foi alguém com a sensibilidade, força e um certo toque de ingenuidade de Lia das “Crônicas de Amor e Ódio” e um episódio de C.S.I ambientado em uma Londres vitoriana, sem poupar detalhes gore, do jeitinho que nós amamos.

“Jack, o Estripador - Rastro de Sangue” foi um livro incrivelmente leve de se ler, ainda mais tendo em mente a brutalidade dos assassinatos cometidos por Jack, o Estripador, o grande “pai” do termo serial killer que nunca foi pego.


“O que temos em nossas mãos é o início da carreira de um assassino. Ninguém que tenha esse tipo de maestria cirúrgica cometeria um único assassinato e depois pararia.” (Página 40)

O que é interessante aqui é que Audrey Rose, nossa protagonista, não é uma médica forense fodona que não se abala por nada. Ela é uma aprendiz de 17 anos que estuda escondido, junto a seu excêntrico tio. Ela sente nojo de certas cenas e momentos por não estar habituada a presenciar tais coisas. O fato de ela não ser uma pedra inabalável, a tornou muito mais real.

O feminismo deste livro aparece na medida certa e eu até achei que ele pudesse ter sido um pooooooouco mais trabalhado. Audrey Rose desafia o machismo e impõe seu lugar na sociedade, mas tudo isso de uma forma mais... pacífica? Já me desculpo pelo meu extremismo em achar que todas as personagens feministas devem ter uma opinião mais forte. Não é que Audrey Rose não tenha, mas ela parece aceitar os acontecimentos e evitar o confronto como forma de “evitar o desgaste” - acho que o problema é que minha natureza revoltada adora uma boa briga.


“Soltei um suspiro. Eu nunca havia entendido a forma como a mente de um homem operava. Meu gênero não era uma desvantagem.” (Página 65)

E apesar da época extremamente machista, os personagens masculinos - pelo menos alguns deles - apresentam mente aberta a certos assuntos um tanto quanto polêmicos à época - como mulheres estudando medicina forense. Então não é somente por meio das personagens femininas que temos diversidade e representatividade. Outra coisa que acontece é a interação entre mulheres (ouvi um aleluia?), mesmo que tenha sido breve, já que não é o foco da narrativa, serviu para ambientar e fortalecer vínculos de sororidade.

“Eu gostaria de lembrar cada homem que tinha opiniões tão baixas de uma mulher que suas amadas mães eram, na verdade, mulheres.” (Página 223)

Eu amei o desenvolvimento dos personagens e a forma com que eles interagem. E sou obrigada a admitir que eu amei o romance. Sim, você não leu errado. Eu, a pessoa que odeia romances - não me julguem como sem coração - me via torcendo para que o nosso casalzinho sangrento se concretizasse.

“Às vezes, as trevas nos olhos dele me deixavam mais aterrorizada do que os mortos que abríamos como se fôssemos açougueiros.” (Página 13)


Não achei o romance forçado ou sem fundamento. O casal 10 - não vou spoilar quem eles são, mas acho que fica bem óbvio - combina um com o outro e suas características marcantes se complementam sem ser aquela história nojenta de “duas metades da mesma porra de laranja”. Certos momentos são cômicos enquanto outros são recheados de tensão sexual entre ambos, então acredito que este livro vá agradar a ainda mais pessoas. É só não se deixar intimidar pelo tema sangrento que permeia a obra.

Uma das coisas mais sensacionais deste livro é a precisão histórica. Ao final temos uma nota da autora, em que ela diz ter tomado algumas liberdades e modificado a realidade para que tudo se encaixasse. A forma com que ela muda os fatos é tão sutil, que só nos deixa arrepiados em pensar que este livro é muito mais baseado na realidade do que imaginávamos.

Acho que a parte que mais mexeu comigo foi quando Jack, o Estripador envia cartas ao editor chefe do jornal de Londres… Gente, ele mandou mesmo essas cartas e tê-las na íntegra foi uma experiência maravilhosa!


Porém, confesso que este livro não foi 5 estrelas por alguns pequenos “problemas”. O principal deles é que Audrey Rose, apesar de ser extremamente forte, não conseguiu me convencer plenamente que ela era realmente tão independente e destemida assim. Em alguns momentos parecia que ela estava somente esperando que alguém aparecesse para salvá-la...

Outro problema, e na verdade acho que o maior de todos, foi a facilidade com que o grande mistério foi resolvido. Eu até cheguei a voltar algumas páginas para ver se eu tinha deixado passar alguma pista, mas não foi o caso. Maniscalco deixa o mistério de quem é o assassino completamente nas sombras até que magicamente tudo se encaixa e aponta para uma pessoa.

Honestamente, eu achei o plot twist esperado. Não me surpreendi quando finalmente foi revelado quem era o infame Jack, o Estripador. Mas isso não estragou minha leitura e nem posso dizer que a descoberta do assassino foi clichê.


Meu problema é que fiquei um pouco decepcionada pela ausência de pistas sobre o assassino. Esperava um livro que as pistas fossem me sendo dadas conforme a protagonista as encontrava e não que tudo de repente fizesse um click no cérebro de Audrey Rose e ela descobrisse quem era Jack.

Porém, de maneira alguma isso estragou a minha experiência de leitura, e por se tratar do romance de estréia de Maniscalco, creio que ela ainda tem muito potencial para desenvolver sua escrita. Estou extremamente ansiosa para ler os próximos volumes desta trilogia sangrenta que roubou meu coração.


Autora: Kerri Maniscalco
Editora: Darksidebooks
Número de páginas: 354
Classificação: ★★★★,5♥/✰✰✰✰✰

*Livro cedido em parceria pela editora*

Nenhum comentário:

Postar um comentário