sexta-feira, 24 de fevereiro de 2017

[Resenha] Revival

Título: Revival

Autor: Stephen King

Editora: Suma de Letras

Número de páginas: 376

Skoob: Adicione a sua estante

Sinopse: Em uma cidadezinha na Nova Inglaterra, mais de meio século atrás, uma sombra recai sobre um menino que brinca com seus soldadinhos de plástico no quintal. Jamie Morton olha para o alto e vê a figura impressionante do novo pastor. O reverendo Charles Jacobs, junto com a bela esposa e o filho, chegam para reacender a fé local. Homens e meninos, mulheres e garotas, todos ficam encantados pela família perfeita e os sermões contagiantes. Jamie e o reverendo passam a compartilhar um elo ainda mais forte, baseado em uma obsessão secreta. Até que uma desgraça atinge Jacobs e o faz ser banido da cidade. Décadas depois, Jamie carrega seus próprios demônios. Integrante de uma banda que vive na estrada, ele leva uma vida nômade no mais puro estilo sexo, drogas e rock and roll, fugindo da própria tragédia familiar. Agora, com trinta e poucos anos, viciado em heroína, perdido, desesperado, Jamie reencontra o antigo pastor. O elo que os unia se transforma em um pacto que assustaria até o diabo, com sérias consequências para os dois, e Jamie percebe que “reviver” pode adquirir vários significados.

Defina o livro com uma frase: Não vou dormir a noite.... ou nunca mais depois disso... todo o tempo é precioso...


“Revival” poderia ser chamado: Facada na cara. Querido Sr. King gostaria de saber de onde veio a ideia de escrever esse livro, dependendo da resposta – apesar de eu amar os seus livros – aconselho tratamento psicológico, porque olha, que porra eu acabei de ler?

“Não existe prova desses destinos na vida após a morte, nem um traço de ciência, apenas uma certeza cega, agarrada à nossa poderosa necessidade de acreditar que tudo faz sentido.” (Página 75)

Queria ler esse livro há um tempo, acabei lendo em outubro, pois foi o livro escolhido para o mês no Clube de Leitura do qual faço parte. Comecei essa leitura sem saber o que esperar, só sabia que tinha algo a ver com “Frankenstein” – ah, doce ignorância...

“Só mais uma coisa. Nós viemos do mistério, e é para o mistério que vamos. Talvez exista alguma coisa lá.” (Página 76)

“Revival” contará a história de Jamie Morton, inicialmente, um garoto ingênuo de 8 anos de idade que mora em uma pequena cidade na Nova Inglaterra. Como tudo nesse livro, a desgraça vai aumentando aos poucos, como uma torneira pingando em cima de um copo esquecido na pia, pode demorar, mas uma hora o copo transbordará, é inevitável.


Jamie vivia uma vida normal até o dia em que a sombra de um homem cobre seu sol, esse homem é o novo pastor da cidade de Jamie, o Reverendo Charles Jacobs. Instantaneamente um laço de amizade é formado entre os dois.

Jacobs não é só um religioso, ele é um cientista fascinado pela eletricidade, desde seus primeiros momentos como reverendo da cidade ele prega seus sermões para um grupo de jovens, com o auxílio de pequenas bugigangas elétricas que ele mesmo fabricou.

“Mas será que ele conseguiria? Seria fácil dizer que sim, porque com isso eu poderia pôr a culpa nele. Só que também teria que me culpar, porque, assim como ele, eu não parei. A curiosidade é uma coisa terrível, mas é humana. Humana demais.” (Página 363)

Tudo é uma maravilha, Jamie tem uma família grande e feliz. Já Jacobs, sua vida também não poderia ser melhor: ele é casado com uma linda mulher, que é adorada por todos e toca piano durante seus sermões, e tem um adorável filho, o “mascote” de todos na igreja.

“Nunca dá para saber. Qualquer dia pode ser o dia em que caímos, e nunca dá para saber.” (Página 63)

Porém, como nada na vida é felicidade plena – principalmente nos livros do King – o irmão de Jamie sofre um acidente, se tornando debilitado e após perderem a esperança, Jacobs ajuda com a sua misteriosa eletricidade.

“E... até agora tudo bem. Mas chegará o dia em que alguma coisa vai acontecer. Alguma coisa sempre acontece. E quando acontecer...” (Página 374)

Durante a leitura você até acaba esquecendo que estava lendo um livro do Stephen King, e que você não poderia se deixar levar pela felicidade momentânea, porém o autor vai te lembrar que não existem histórias felizes e quando tudo começa a desandar é uma voadora com os dois pés na sua cara.

“A vida é uma roda, e sempre volta ao ponto onde começou.” (Página 284)

Acontece um terrível evento que muda a vida de Jacobs para sempre, depois disso ele perde a fé, e prega um terrível sermão que marcará a vida de todos os presentes para sempre.

“O reverendo estava certo sobre uma coisa: as pessoas sempre querem encontrar razão para as coisas ruins da vida, mas às vezes não existe razão.” (Página 78)

Muito tempo se passa, e Jamie, o narrador, vai nos fazendo um apanhado de sua vida conforme a leitura progride. Ao decorrer de sua vida, Jamie e Jacobs continuam se esbarrando nas mais estranhas situações e é claro que vamos levando um soco ou dois na cara conforme as páginas progridem... Ah, e espero que vocês não tenham se esquecido que Jacobs tem certa afinidade, com a eletricidade – guardem essa informação, porque que ela vai ser importante.

“[...] não ouso acreditar que a presença dele em minha vida tenha qualquer ligação com o destino, pois isso significaria que todas aquelas circunstâncias terríveis – aqueles horrores – estavam fadadas a acontecer. Se for assim, a luz não existe, e nossa crença nela é mera ilusão. Se for assim, vivemos na escuridão, como animais em uma toca, como formigas nas profundezas de suas colônias. E não estamos sós.” (Página 10)

Apesar de já conhecer e amar a narrativa do King, para mim o livro se perdeu um pouco durante o meio, principalmente quando Jamie foca na sua carreia musical, mas quando o final vai se aproximando as coisas vão adquirindo um tom mais sombrio, é impossível não sentir o ar ficando mais pesado, já que esses eventos são sentidos na forma com que Jamie narra os acontecimentos.

“Quando olhamos para trás, acreditamos que nossa vida forma padrões. Cada acontecimento começa a parecer lógico, como se algo – ou Alguém – tivesse mapeado todos os nossos passos (e tropeços).” (Página 91)

O que eu posso falar do final desse livro? Penso nele e no que ele significa sempre que me bate um momento de reflexão e espero, do fundo do meu coração, que o King não tenha se baseado em nada real para escrevê-lo. Não consigo pensar em uma metáfora para descrever o final, acho que a palavra que melhor se encaixa é: desolador.

Analisando agora, acho engraçado eu ter passado a leitura toda com medo do título do livro, achando que alguém ou alguma coisa seria “Revivida”. Ah, se fosse apenas isso...

“Se já é difícil pensar no que aconteceu depois, imagine pôr no papel, mas é preciso, no mínimo como alerta para alguém que esteja pensando em brincar com a danação e, ao ler este texto, desista da empreitada.” (Página 352)

Bom, recomendo esse livro para todos os que desejam abrir suas cabeças para uma força que é recorrente nos livros do King: o desespero. E deixo um aviso: se você quer viver uma vida feliz e “ignorante”, não leia este livro. Agora se você não tem medo do desconhecido e quer abrir os olhos para o que há além, esta é uma leitura obrigatória, só não diga que eu não avisei...

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