“[...] eu me peguei pensando na forma como nós mudamos, em todas as forças externas que nos pressionam, moldam e nos empurram para que sejamos pessoas e coisas que não planejáramos ser. Talvez isso acontecesse de forma tão gradual que, na hora em que notássemos que isso tinha ocorrido, seria tarde demais para que fôssemos outra coisa.” (Página 321)

“The Beauty of Darkness” começa exatamente depois do cliffhanger, no mínimo maldito de “The Heart of Betrayal”. Lia e Rafe conseguem escapar de Venda, porém não de graça, já que deixam para trás uma pilha de corpos, da qual Lia Lia quase faz parte após levar duas flechadas e cair no grande rio – não me perguntem como ela não morreu...
Rafe carrega uma
Lia semimorta pelos arredores de Venda, onde eles reencontram o grupo de Rafe para
seguirem viagem até um posto de comando de Dalbreck. Claro, sempre olhando por
cima de seus ombros com medo da sombra dos assassinos enviados pelo Komizar.
Também teremos uma outra pessoa a busca de Lia, um certo assassino em especial,
se é que vocês me entendem...
“Eu rezo para que
nenhuma filha do seu reino tenha que jamais lutar para que sua voz seja ouvida,
como eu tive que fazer.” (Página 553)
Olha... Foi
difícil esperar por esse livro. Eu cheguei mesmo a cogitar que a Lia morreria
no final de “The Heart of Betrayal”,
já que esse livro terminou arrancando nossos corações pela boca... Só tenho a
agradecer a DarkSide Books por ter
adiantado a publicação de “The Beauty of
Darkness” e ter poupado meu coração de um infarto! <3
Neste último
volume, teremos uma narrativa alternada entre Lia, Rafe, Kaden e Pauline, o que
torna o livro mais dinâmico, já que temos a visão de outras pessoas para
quebrar a narrativa. A única coisa, é que eu esperava mais capítulos do ponto
de vista da Pauline, inclusive eu esperava uma maior participação dela, de Gwyneth
e de Berdi...
“Se em algum
momento houve três cavaleiros ímpares, éramos nós: o príncipe da coroa de
Dalbreck, o Assassino de Venda e a princesa fugitiva de Morrighan. Filhos e
filha de três reinos, cada qual determinado a dominar os outros dois.” (Página
79)
“Mas e a Lia?” É impressionante o crescimento dela desde “The Kiss of Deception”. De uma
princesa sem perspectiva e assustada ela se ergueu para ser uma verdadeira
rainha. A forma com que Mary E. Pearson cria e desenvolve personagens femininas
deveria ser, no mínimo, obrigatória em todos os livros.
Lia luta com as armas que lhe foram dadas. Ela consegue se equiparar a qualquer homem usando sua astúcia e raciocínio, não seus punhos (aliás, a bichinha também é boa de briga). Um dos grandes diferenciais dessa trilogia é justamente isso: o empoderamento feminino sem a masculinização ou o uso de artifícios sobrenaturais. As personagens aqui são pessoas comuns, que lutam por seus ideais empunhando apenas sua coragem e determinação.
“Será que isso me
tornava um pouco mais do que um animal? Era assim que eu me sentia agora, como
se fosse um nó de dentes e de garras pronto para matar qualquer coisa que
cruzasse a porta.” (Página 373)
O que eu posso
dizer desse livro sem dar spoilers? (praticamente
uma tarefa impossível) Haverá uma grande batalha que ameaçará o futuro dos
reinos, e Lia deverá abraçar seu dever como Primeira Filha e finalmente encarar
o Dragão.
Neste meio tempo,
haverá uma imersão de Dalbreck – o único reino ainda “desconhecido” – somos
introduzidos a alguns aspectos da cultura e política desse reino, assim como
também conhecemos um pouco mais sobre a historia de um dos reinos com poder
militar mais forte, se não o maior deles.
Diversas
revelações sobre Morrighan serão feitas. Planos serão descobertos e traidores
serão expostos, o único problema é que Lia aparentemente é uma das únicas que
acredita nisso. Ela tem em mãos a difícil tarefa de expor os agentes do dragão
e salvar os reinos da obliteração, já que ela é a esperança e a salvação.
“Embora a espera
possa ser longa, A promessa é grande para aquela chamada Jezelia, Cuja vida
será sacrificada pela esperança de salvar a sua” (The Heart of Betrayal –
Página 376)
O final dessa trilogia
foi avassalador. Tudo, desde a
primeira página, caminhou para esse destino. Mary E. Pearson não poderia ter
dado um fim melhor do que este. Todas as peças se encaixaram perfeitamente e o
quadro formado da um tom de esperança e novos caminhos a serem trilhados.
“Não deveria
fazer diferença se eu sou uma criada de taverna ou uma princesa. Quando eu o
vir tratando os outros com respeito, independentemente da posição que ocupam,
ou da sua anatomia, então seu pedido de desculpas significará alguma coisa.”
(Página 513)
Espero que as “Crônicas de Amor e Ódio” sirvam de
exemplo para futuros livros com personagens femininas. Chega de criar
personagens que precisam abaixar a cabeça e esperar serem salvas. Temos que
lutar com as armas que nos foram fornecidas. É essencial e obrigatório, a presença de sentimentos positivos entre mulheres.
Chega de criar personagens que agem como víboras peçonhentas. Mulheres podem e são fortes a sua própria maneira. Nós
temos capacidade para trilhar o caminho que bem desejarmos, e devemos ter Lia
como inspiração da força que existe dentro de nós mesmas.
Apesar de ter
amado esse livro, tenho alguns pontos negativos a abordar... Antes que alguém
jogue pedras em mim lembre-se: essa é a minha opinião. Esse livro fechou uma
trilogia muito especial que sempre terá seu lugar no meu coração, porém
diversos pontos ficaram largados, como se a autora estivesse com pressa de
terminar o livro...
Uma das coisas que mais em incomodou
nesse livro foi a coincidência de sempre
alguém chegar exatamente na hora certa. Vamos pensar assim: Morrighan e Venda
estão a cagalhões de quilômetros de distância, a viagem de um reino ao outro
levaria semanas, para não dizer
meses. A mesma coisa se aplica a Morrighan e Dalbreck, claro que em uma escala
menor. Entretanto, no exato momento (situação hipotética, isso não é um spoiler) em que uma espada vai arrancar
a cabeça da Lia BOOM! Kaden e Rafe saem
da fumaça e estão lá com uma porrada
de gente para bloquear a espada...
Entendo que certas incertezas são
necessárias para o desenvolvimento da história, porém não venha me dizer que
eles tinham uma bola de cristal para prever quando eles seriam necessários e
saiam de seus respectivos reinos no segundo exato para coincidir sua chegada com a espada sendo levantada. Esse
tipo de subterfúgio/joguete é uma forma preguiçosa de construir uma
narrativa...
Agora vamos comentar sobre o fator de
cura do Wolverine que a Lia possui. Ela levou duas flechadas, sendo uma delas
nas costas e caiu de uma ponte em um
rio bravo (rawl), que quaaaaaaaaaaaaaase tira sua vida. Como
se não bastasse, ela é carregada por 20 quilômetros até que alguém finalmente
cuida de seus ferimentos. Se você já levou um chute sabe que no dia seguinte
suas pernocas estarão duras, agora
imagine levar duas flechadas e cair em
um rio. Aonde eu quero chegar? Como a Lia, com o pouco tempo de descanso
que ela teve – não mais do que uma semana – simplesmente levanta, monta em um
cavalo e sai galopando pelo Cam Lanteux?? O cavalo tinha amortecedores
pressurizados para ela não sentir nada?
Tudo bem, ela é uma mulher forte e
tinha um dever com o seu povo, agora não me venha dizer que ela foi curada com
o poder da determinação em salvar Morrighan...
A partir daqui começa
realmente a zona de spoilers, então
se você ainda não leu “The Beuaty of
Darkness” é hora de nos despedirmos.
Vamos tratar de outro ponto: A inconformidade de Lia perante ao acordo político entre Morrighan e Dalbreck. Ela sabia que era um casamento por interesse, então obviamente ambos os reinos se beneficiariam de alguma forma. A forma que Dalbreck seria “paga” por essa aliança é, em dado o ponto, descoberta por Lia e ela fica puta com Rafe (!!!!) Como assim? Ela não sabia que era tudo uma questão política? CALMA, O QUE ESTÁ ACONTECENDO?
“Rafe, você já se
perguntou por que tinha que ser eu a ir para Dalbreck para garantir a aliança?
Isso não poderia ter sido obtido também com a sua ida a Morrighan? Por que
sempre é a moça que precisa desistir de tudo? [...] Por que um homem não pode
adotar a terra natal da esposa?” (Página 60)
Agora vamos focar
um pouco nos personagens: Como Rafe consegue ser tão conformado e amoroso em “The Heart of Betrayal” e ser um
completo babaca em “The Beauty of
Darkness”? No começo, que dura mais ou menos 300 páginas, ele é extremamente
machista e dominador, querendo manter Lia presa em uma caixinha e a arrastar
até Dalbreck, vivendo feliz para sempre.
Mesmo que isso signifique o fim de todos os reinos, afinal de contas o Komizar quer nivelar a porra toda.
“Ah, mais o Rafe fez isso por amor!” Ok, certo. Mais esse tipo de
confronto não deveria ter acontecido no livro anterior, quando eles estavam
começando a conhecer mais sobre o outro? Eu imagino que enquanto eles estavam
sendo mantidos prisioneiros em Venda, haviam algumas questões mais importantes
a serem tratadas como, que tal, a sobrevivência
deles. Porém, depois de descobrir tudo o que eles descobrem sobre os planos e o
tamanho da loucura do Komizar, Rafe ainda acredita que a Lia vai abandonar
todos que ela ama (novamente, não vamos esquecer que ela fugiu do casamento), e
deixar Morrighan ser destruída por Venda? Claro que sacrificando a vida de
milhares de inocentes no processo, já que o exército de Venda é composto por um
grande número de crianças...
No mínimo esse
lado do Rafe nos faz questionar instaloves
(não é o caso aqui), já que o charmoso e galanteador príncipe, após conquistar
a moçoila, pode deixar cair a máscara de boa pinta, e o que estava sendo
escondido, assim que revelado, pode não ser nem um pouco agradável...
Apesar dessa cagada, ele se redime e mostra que tudo
o que ele fez foi por medo de perder Lia, e agora ele sabe que ela deve ser
livre, já que tem uma obrigação maior perante seu povo, assim como ele com
Dalbreck.
“O amor não
acabava de uma vez só, não importando o quanto fosse necessário que isso
acontecesse ou quão inconveniente fosse. Não se pode mandar no amor mais do que
um documento de casamento poderia ordenar que ele surgisse. Talvez o amor
tivesse que se esvair sangrando uma gota de cada vez até que chegue um tempo em
que o nosso coração esteja entorpecido, frio e, na maior parte, morto.
“Nossa você nem comentou do Kaden...” É porque não teve quase nada para comentar. Achei que ele fosse
ter um papel maior no desfecho dessa trilogia, ainda mais pela relação que ele
tinha com o Komizar e o fato de ele
possuir o Dom, o que aparentemente a autora esqueceu completamente nesse
livro... Ele chega super solícito até Lia e sai em busca do “pai” que o vendeu
para mendigos. Teremos todo um plot
paralelo sobre o papel do pai de Kaden nas tramóias do Komizar e olha... Não
consegui me importar tanto assim, fora que a grande revelação não foi tão
chocante... O Assassino de Venda,
dada a oportunidade de finalmente matar seu pai, não faz nada? O que a autora quis com isso? Mostrar que o temido assassino
agora tinha um coração?
Kaden mudou muito
desde que saiu de Venda em “The Kiss of
Deception”, todo esse caminho trilhado serviu para mostrar que não se deve
confiar cegamente em alguém, mesmo que essa pessoa tenha salvado sua vida. A
vida de Kaden foi marcada pela desgraça desde muito cedo, e ele poderia
continuar de olhos fechados para tudo, matando inocentes a mando do Komizar. Porém,
Lia abre seus olhos e faz com que ele perceba que o buraco é mais embaixo... Sua
caminhada o levou até um momento de redenção. Ele já pagou por seus “crimes” e
batalhou por sua felicidade, então porque não simplesmente ser feliz?
O último ponto “negativo”
a ser abordado é: CADE A PORRA DO
KOMIZAR? Vai acontecer a maior treta
desde a queda dos antigos e vão se passando as páginas e essa batalha não chega
nunca. Ai, faltando 30 páginas,
chega o grande momento do confronto entre a Lia e o Komizar e na página
seguinte já acabou. Ei! Espera ai... Tive que ler duas vezes para ver se eu era
burra ou se eu estava lendo certo. Sim, o grande confronto: Jezelia
vs Dragão de muitas faces, acabou em uma página...
Apesar das
deslizadas com relação aos pontos abordados acima, o final dessa trilogia não
poderia ser melhor. “Ai, mas ela não fica
com o fulano!” Seria muito triste se tudo o que ela passou pudesse ser “evitado”
– claro que a batalha aconteceria e provavelmente todos estariam mortos – apenas
abaixando a cabeça e aceitando seu casamento, não seria?
O ponto principal
desses três livros é o auto descobrimento de Lia. Ela acreditava que não era
nada, apenas um peão a ser usado pelo seu pai, noivo, reino, etc... Porém, ela
descobre que o seu destino pertence a ela mesma, cabe a ela trilhar os seus
próprios passos e encarar as consequências de seus atos.
“Essa seria a
última vez que eu choraria, não importava quantos outros corpos empilhássemos
para que fossem queimados ou enterrados. A imensidão da morte era
entorpecedora. No entanto, eu sabia que, em algum ponto, as lágrimas voltariam.”
(Página 552)
O amor e a
esperança de Lia são uma das chaves dessa trilogia. O romance que acontece
entre ela, Kaden e Rafe não é o foco.
Lia ama Morrighan e Venda como uma mãe ama um filho. Ela é capaz de sacrificar
a própria vida por ambos os reinos. Assim como Rafe ama e sente obrigação em
cumprir seu dever perante Dalbreck.
Ambos não ficaram
juntos no final – apesar de o final ser aberto a interpretações do que
acontecerá no futuro – pois eles escolheram “sacrificar” o amor que um tinha
pelo outro para salvar seus reinos. Esse fato não agradou muita gente...
“É estranho como
nós podemos vislumbrar o nosso futuro, mas não podemos saber de tudo sobre ele
[...] Imagino que história ainda maiores estejam por vir.” (Página 565)
Se tudo se
resumisse ao triângulo amoroso, essa não seria uma trilogia original e
empoderada como foi. Seria apenas mais um livro de romance clichê, com
personagens fracas, um enredo previsível e batido, e disso, já estamos
saturados até a boca...
Autora: Mary E. Pearson
Editora: Darkside
Número de páginas: 576
Skoob: Adicione a sua estante
Classificação: ★★★★♥/✰✰✰✰✰
Ualll Marisa, adorei a análise sobre os prós e contra do livro. O livro termina com um final que ficou aberto mesmo, mas se houver continuações que seja para explicar e aprofundar mais sobre os reinos, outro ponto que tu comentou foi em relação ao Komizar, realmente foi um embate que senti falta desde o início. Agora ainda sim, amei esse livro tb por tudo que ele significou na jornada de Lia. Parabéns pela resenha.
ResponderExcluirBjs
Denise
Obrigada Denise! <3 Essa trilogia sempre vai ter um lugar especial nos nossos corações! <3
ExcluirVamos torcer que "Dance of Thieves" chegue logo!
Beijos~
Nao vou ler mais. Pra mim o enfoque era o romance.
ResponderExcluirNão acredito que depois de tudo ela não fique com ninguém.
Alguem que queira vender o vol 3...entre em contato...agradecido...
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